O Que é a Lerneose? 

A lernea, ou “verme âncora” como é conhecida, é uma doença muito comum na piscicultura, com alta ocorrência em peixes ornamentais. É um ectoparasita que acomete a maioria das espécies de peixes, ou seja, não tem especificidade pelo seu hospedeiro. Porém, é verdade que peixes de couro como os catfishes e ciprinídeos como as carpas koi e os kinguios são mais susceptíveis.
Em lagos ornamentais são inúmeros os casos relatados de carpas coloridas e kinguios infestados por este parasita. As infestações ocorrem, na maioria das vezes, em épocas mais quentes do ano entre a primavera e o verão. Os proprietários de lagos ornamentais costumam relatar a lernea como pequenos filamentos, ou fios aderidos na superfície do corpo dos peixes. Quando isto ocorrer fiquem espertos, Pode ser lernea!
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a lernea não é um verme e sim um crustáceo. No Brasil existem mais de 3000 espécies de crustáceos parasitas de peixes dos mais diferentes tamanhos e formas. Este gênero (Lernaea) tem entre os parasitas mais populares a Lernaea cyprinacea. 

Fêmea Adulta de Lernaea cyprinacea removida de um goldfish (Carassius auratus)
 

Facilmente visível a olho nu, tem o seu corpo alongado. A porção anterior se fixa ao peixe com auxílio de ganchos especiais com formato de âncora localizados na cabeça do parasita que penetra na musculatura do peixe e deixando a região caudal para fora com o formato de um verme.  A infestação pode atacar o cérebro e órgãos importantes como o fígado, coração, baço, etc. Geralmente, penetra na pele e musculatura do peixe causando lesões ulcerosas com pontos hemorrágicos e necrose da pele. Esta lesão predispõe o peixe a infecções bacterianas secundárias. Os peixes acometidos sofrem perda de peso e redução da taxa de crescimento. Por ser hematófago quando ocorrem infestações intensas, ou acomete peixes de pequeno tamanho corporal causam um quadro de letargia deixando os peixes enfraquecidos devido a anemia.

 

Visualização de Lernaea sp. em um jundiá (Rhamdia quelen) e Lernaea cyprinacea em goldfish (C. auratus)
 

Um dos grandes problemas relacionados ao diagnóstico da lerneose é a não visualização de sua forma infectante imediatamente anterior ao estágio adulto. Os copepoditos infectantes, como são denominados, só podem ser detectados através de exame parasitológico laboratorial executado por um profissional.

Assim, peixes são comercializados com grande risco de serem portadores deste parasita em suas formas intermediárias. Sem este controle, muitos kinguios e carpas koi são comercializadas e disseminam a lernea para aquários, lagos ornamentais e tanques de criação. Quantas pessoas já não compraram kinguios e carpas coloridas e passado alguns dias percebem a projeção de inúmeros filamentos no corpo de seus peixes. É lernea! É tarde demais! Já está disseminada em seu lago, ou aquário.

O que é a argulose?

A argulose é uma doença ectoparasitária que ocorre com certa frequência em pisciculturas ornamentais, principalmente na criação de kingyos e carpas. Causada pelo Argulus sp., vulgarmente conhecido como piolho de peixe, a argulose. A sua ocorrência em lagos é muito maior do que em aquários. Isto serve de alerta para proprietários de lagos ornamentais, pois o Argulus sp. deve constar na lista de doenças que merecem cuidados preventivos para evitar a sua introdução no ambiente aquático do lago.

A argulose acomete todas as espécies de peixes de água doce. Ciprinídeos como carpas e kinguios são peixes com uma predisposição notável. Espécies nativas como alguns carás, joaninhas e traíras frequentemente são encontrados em seus ambientes naturais apresentando também este parasita. O Argulus sp. apresenta adulto apresenta entre 5 a 8mm podendo ser visualizado macroscopicamente (sem auxílio de lupa, ou microscópio), facilitando o diagnóstico e triagem de peixes durante a comercialização. 

Visualização de Argulus sp.
Uma característica particular do Argulus é a modificação de sua segunda maxila em duas estruturas circulares na porção ventral de seu corpo capazes de realizar sucção. Esta sucção torna-se essencial para a fixação do parasita em seu hospedeiro. A sobrevivência do parasita depende de sua habilidade em obter alimento. O Argulus alimenta-se de células da epiderme e fluidos contendo células sanguíneas. Para isso possui uma estrutura em forma de estilete que auxilia na esfoliação da pele e penetração para injetar uma toxina que impede a cicatrização do local. O local de fixação é uma área que sofre uma severa irritação cutânea e avermelhamento da pele. As lesões consistem em ulcerações na pele, podendo servir de porta de entradas para infecções bacterianas ou fúngicas. 

Visualização de Argulus sp. em carpa Koi 
Tratamento

1 – Remoção manual com pinça cirúrgica. No caso da lernea as lesões são mais profundas sendo necessário um banho com solução de Permanganato de Potássio e posterior remoção dos parasitas fixados. Outra alternativa é instalar um solução hipertônica com Cloreto de Sódio(Rinosoro Hipertônico 3%) sobre o parasita. Isto facilita a sua remoção com a pinça. . A remoção manual não significa que não há necessidade de tratamento com medicamentos. Esta serve apenas para interromper os danos diretos que o parasita ocasiona ao peixe enquanto o tratamento está em execução. 

2 –  Medicamentos na ração: Vitosan

3 – Produtos para banhos de imersão. Existem importantes marcas disponíveis no mercado que possuem ectoparasiticidas para uso específico em peixes ornamentais tais como: SERA (Cyprinopur), Aquarium Pharmaceuticals (Pond Care Dimilin), Azôo (Ectoparasiticide). Entre os princípios ativos largamente utilizados estão o diflubenzuron e alguns organofosforados como o Diflubenzuron, Trichlorfon e Malation.